Rasgo o silêncio e falo. Verdade: a ideia primeira já se transfigurou
exponencialmente.
Muita coisa destampada de recente, cheiro-som-gosto-forma-cor. Mareei.
Quanto mais esvazia mais cheia se descobre.
Só uns dias fora e quase me fagocitam, reentrada vertiginosa na
órbita. Ê centrífuga desgovernada do estar! Pássara do planalto central, será o que foi que se assucedeu?
Daí puxo uma teia de aranha ou um vislumbre de luz sobre a dessincronização
da data estelar que obriga ao eterno retorno do sentido:
A dislexia sentimental multiplica infinta-mente o tempo gasto pro corpo celeste completar o caminho estipulado até o próximo degrau.
Tô cansada, e atrasada, e cansada. Ay tempo desembestado e esse futuro
que nunca chega. Estamos vivendo agora o que era pra termos vivido ontem, merda!, como
conserto o delay?
Quase descubro, só um pouquinho além e... e em seguida são luas e
estrelas e mil estradas escorregadias no ar, de novo vou afrouxando os pontos,
esgarçando os pensamentos, pra despertar sonsa e etérea, precisando refazer
toda a ligação dos canais de entendimento. Sem fim, por 108 milênios.
Agora. A escolha é agora e o agora.
Sem mais. Explode a rebelião. E a cidade conspira.
Nem precisava, que já vinha quase mudando de tom, religada da ponta da
pirâmide até as fontes e elefantes e corujas e golfinhos e tartarugas e lobos e
cavaleiros do apocalipse no porão.
Mesmo assim, que bonito é o desnecessário, nessa noite de Oyá uma festa
de bardos e menestréis clássicos-candangos-pós-modernos pousou debaixo da minha janela, energias
bonitas dançando no terreiro. Exorcismo poético de ambientes. E.
Uma mulher vestida de branco uivou para a lua.
(Era eu, mas não.)
E a utopia é de quem acreditar por último.
“Pelo caminho de volta seria que cheguei, perdida.
Encontrei uma pedra. Fui levando para o fundo do poço.
Moço, moço, moço que agonia, aconteceu
Naquele dia em que você saiu da minha vida.
Tomei dois goles de cicuta,
Puta que pariu como doeu.
Eu vi o céu me arrependi.
Fiquei até com dó de mim.
Meu coração, de tão covarde, é seu.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário