.

5.12.12

Pelo caminho de volta seria que


Rasgo o silêncio e falo. Verdade: a ideia primeira já se transfigurou exponencialmente.

Muita coisa destampada de recente, cheiro-som-gosto-forma-cor. Mareei.

Quanto mais esvazia mais cheia se descobre.

Só uns dias fora e quase me fagocitam, reentrada vertiginosa na órbita. Ê centrífuga desgovernada do estar! Pássara do planalto central, será o que foi que se assucedeu?

Daí puxo uma teia de aranha ou um vislumbre de luz sobre a dessincronização da data estelar que obriga ao eterno retorno do sentido:
A dislexia sentimental multiplica infinta-mente o tempo gasto pro corpo celeste completar o caminho estipulado até o próximo degrau.

Tô cansada, e atrasada, e cansada. Ay tempo desembestado e esse futuro que nunca chega. Estamos vivendo agora o que era pra termos vivido ontem, merda!, como conserto o delay?

Quase descubro, só um pouquinho além e... e em seguida são luas e estrelas e mil estradas escorregadias no ar, de novo vou afrouxando os pontos, esgarçando os pensamentos, pra despertar sonsa e etérea, precisando refazer toda a ligação dos canais de entendimento. Sem fim, por 108 milênios.

Agora. A escolha é agora e o agora.

Sem mais. Explode a rebelião. E a cidade conspira.

Nem precisava, que já vinha quase mudando de tom, religada da ponta da pirâmide até as fontes e elefantes e corujas e golfinhos e tartarugas e lobos e cavaleiros do apocalipse no porão.

Mesmo assim, que bonito é o desnecessário, nessa noite de Oyá uma festa de bardos e menestréis clássicos-candangos-pós-modernos pousou debaixo da minha janela, energias bonitas dançando no terreiro. Exorcismo poético de ambientes. E.

Uma mulher vestida de branco uivou para a lua.

(Era eu, mas não.)

E a utopia é de quem acreditar por último. 

“Pelo caminho de volta seria que cheguei, perdida.
Encontrei uma pedra. Fui levando para o fundo do poço.
Moço, moço, moço que agonia, aconteceu
Naquele dia em que você saiu da minha vida.

Tomei dois goles de cicuta,
Puta que pariu como doeu.
Eu vi o céu me arrependi.
Fiquei até com dó de mim.

Meu coração, de tão covarde, é seu.”



Nenhum comentário:

Postar um comentário