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30.11.12

Jardineira

No sonho mastiguei folha de planta desconhecida sem pedir licença.

Dois milésimos de segundos oníricos depois o tempo se jogava pra frente e pra trás enquanto bebia um amortecimento gelado.

Tento anotar rapidamente as letras/números de contas e fórmulas, coloridas bailarinas aéreas, em pedacinho de papel amassado que guardo apertado na mão esquerda.

Ao despertar espio a palma, ansiosa pra rever a coordenada de futuro: folha em branco, vazia e seca como terra evaporada há séculos.

Nos sulcos arados pelo destino só li silêncio, e não soube mais o que tinha descoberto que era hora de plantar.


25.11.12

Deserto alagado

Foi o que me contou o charreteiro. Que choveu tanto que ficou gente presa nos carros e ônibus, operação de resgate e tudo, que as superquadras submersas dariam bons vídeos.

Pensei no povo das ruas, pra quem é mais fácil viver na secura.

Então, depois, pergunto pro Ísquilo suas impressões do tal dilúvio. E simples ele responde:

- Não vi. E não acredito.

Êta cidade espalhada de lonjuras: enquanto o sol esturrica a quadra ímpar, nuvem cheia deságua na par.

Será essa a beleza?

4.11.12